Tiririca acena em sua cerimônia de posse.
Após quase oito meses na Câmara, humorista tem atuação discreta e trabalha de acordo com ordens do partido; Francisco Everardo Oliveira Silva, o palhaço Tiririca, foi o deputado mais votado nas eleições 2010. Disputando uma vaga na Câmara Federal, ele recebeu mais de 1,3 milhão de votos – a segunda maior votação da história para o cargo no Brasil. Na campanha eleitoral, ele se destacou com o slogan "pior do que tá não fica" e disse não saber qual é a função de um deputado federal... Afinal de contas, Tiririca realmente mostrou não conhecer nada nesses quase oito meses na Câmara?
Quando chegou a Brasília, Tiririca foi o mais aplaudido durante a leitura dos nomes dos 513 membros. Após ser empossado, ele teve a primeira votação importante pela frente, e não foi muito bem: o palhaço se confundiu ao votar a favor do salário mínimo de R$ 600, proposto pelo PSDB. Tiririca faz parte da bancada da situação e devia ter votado em favor dos R$ 545 propostos pelo governo. Para a sorte dele, a emenda foi rejeitada e o voto errado não fez diferença.
Logo após, Tiririca foi indicado pela liderança do partido para integrar a comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados. Segundo o líder do PR na Casa, Lincoln Portela, foi o próprio Tiririca quem pediu para fazer parte da comissão porque a área dele é a cultura, como humorista e palhaço.
Para a cientista política da FESP-SP (Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo) Jacqueline Quaresemin, o desejo de integrar a comissão de Educação e Cultura foi uma “estratégia de sua assessoria para limpar a imagem de analfabeto que ficou ao longo da campanha”.
Em seu segundo mês de mandato, Tiririca contratou dois humoristas como seus assessores em São Paulo, onde ele não tem escritório político. O deputado ainda usou dinheiro da Câmara para pagar diárias em um resort em Fortaleza (CE) – ele devolveu o valor da hospedagem.
Comportamento
Em plenário, Tiririca é um deputado que quase não abre a boca. Até agora, o artista não fez nenhum discurso na tribuna. Esse comportamento, aliás, vem sendo aprovado pelos colegas. Na Comissão de Educação e Cultura da Casa, onde foi empossado, Tiririca pôde apresentar projetos e defender os próprios pontos de vista, no entanto, ele nunca pediu a palavra. Apenas segue as orientações de seu partido.
Em seu quarto mês de trabalho em Brasília, o deputado entregou ao plenário da Casa os primeiros projetos de lei, todos relacionados à área da educação. O "Bolsa Alfabetização", para incentivar adultos a concluírem o ensino médio a partir da concessão de uma bolsa de estudos no valor de R$ 545.
Os outros dois projetos de Tiririca foram: a criação de vale-livro para alunos da rede pública e de serviços de assistência social para profissionais do circo.
Imagem com o escândalo do PR
Nos últimos meses, Tiririca foi muito procurado pela imprensa para comentar as denúncias dentro do PR, que derrubaram Alfredo Nascimento do comando do Ministério dos Transportes. De acordo com o palhaço, “o partido não saiu sujo, pois foi uma coisa do ministro e da presidente Dilma”.
O humorista disse, ainda, que considera Nascimento “um cara bacana” e que ficou tranquilo com a explicação para a saída do ministério.
Jacqueline afirma que a crise no PR não respingou em Tiririca porque ele “está descolado do partido”. Também porque a mídia televisiva não fez tal associação. "Tiririca se diz integrado ao cotidiano da Câmara, mas tem-se que observar qual o canal de integração. Debate político? Lúdico? [conversas no café, corredores, futebol, etc]. Ele com certeza encontra algumas dificuldades, pois sua trajetória não é na política.”
“Outros deputados com baixa ou média instrução, de algum modo, sempre estiveram no ambiente da política", complementa Jacqueline , que ainda lembrou o passado do humorista. "Deve ter atravessado momentos difíceis na vida, o que também lhe dá um jogo de cintura para atuar na política. Resta saber se conseguirá o destaque que tem na mídia. Afinal, falar com eleitores é uma coisa, falar com deputados, senadores, prefeitos, é outra".
Significado do voto
A cientista política comentou o porquê de Tiririca ter recebido uma votação significativa nas eleições do ano passado. De acordo com ela, o povo se identificou com o discurso do humorista. "Até porque no Brasil se fala de política sempre de forma pejorativa, deixando o terreno fértil para maioria das pessoas não tratarem a política de forma séria. Como espaço de disputa, de representação de anseios, necessidades. O voto de protesto em Tiririca foi minoria da votação dele", acredita.
Tiririca foi a estrela dos programas do PR (Partido da República), exibidos na televisão. Ele apareceu pregando contra o nepotismo e também falando sobre a importância da educação. Um deles mostrava Tiririca falando sobre o que aprendeu com o partido. “Graças ao PR, eu já estou aprendendo o que faz um deputado federal”, afirma ele. “Por exemplo: um deputado federal não pode empregar sua família. Por isso, pai continue catando latinha. Mãe, continue lavando roupa pra fora”.
Quando chegou a Brasília, Tiririca foi o mais aplaudido durante a leitura dos nomes dos 513 membros. Após ser empossado, ele teve a primeira votação importante pela frente, e não foi muito bem: o palhaço se confundiu ao votar a favor do salário mínimo de R$ 600, proposto pelo PSDB. Tiririca faz parte da bancada da situação e devia ter votado em favor dos R$ 545 propostos pelo governo. Para a sorte dele, a emenda foi rejeitada e o voto errado não fez diferença.
Logo após, Tiririca foi indicado pela liderança do partido para integrar a comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados. Segundo o líder do PR na Casa, Lincoln Portela, foi o próprio Tiririca quem pediu para fazer parte da comissão porque a área dele é a cultura, como humorista e palhaço.
Para a cientista política da FESP-SP (Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo) Jacqueline Quaresemin, o desejo de integrar a comissão de Educação e Cultura foi uma “estratégia de sua assessoria para limpar a imagem de analfabeto que ficou ao longo da campanha”.
Em seu segundo mês de mandato, Tiririca contratou dois humoristas como seus assessores em São Paulo, onde ele não tem escritório político. O deputado ainda usou dinheiro da Câmara para pagar diárias em um resort em Fortaleza (CE) – ele devolveu o valor da hospedagem.
Comportamento
Em plenário, Tiririca é um deputado que quase não abre a boca. Até agora, o artista não fez nenhum discurso na tribuna. Esse comportamento, aliás, vem sendo aprovado pelos colegas. Na Comissão de Educação e Cultura da Casa, onde foi empossado, Tiririca pôde apresentar projetos e defender os próprios pontos de vista, no entanto, ele nunca pediu a palavra. Apenas segue as orientações de seu partido.
Em seu quarto mês de trabalho em Brasília, o deputado entregou ao plenário da Casa os primeiros projetos de lei, todos relacionados à área da educação. O "Bolsa Alfabetização", para incentivar adultos a concluírem o ensino médio a partir da concessão de uma bolsa de estudos no valor de R$ 545.
Os outros dois projetos de Tiririca foram: a criação de vale-livro para alunos da rede pública e de serviços de assistência social para profissionais do circo.
Imagem com o escândalo do PR
Nos últimos meses, Tiririca foi muito procurado pela imprensa para comentar as denúncias dentro do PR, que derrubaram Alfredo Nascimento do comando do Ministério dos Transportes. De acordo com o palhaço, “o partido não saiu sujo, pois foi uma coisa do ministro e da presidente Dilma”.
O humorista disse, ainda, que considera Nascimento “um cara bacana” e que ficou tranquilo com a explicação para a saída do ministério.
Jacqueline afirma que a crise no PR não respingou em Tiririca porque ele “está descolado do partido”. Também porque a mídia televisiva não fez tal associação. "Tiririca se diz integrado ao cotidiano da Câmara, mas tem-se que observar qual o canal de integração. Debate político? Lúdico? [conversas no café, corredores, futebol, etc]. Ele com certeza encontra algumas dificuldades, pois sua trajetória não é na política.”
“Outros deputados com baixa ou média instrução, de algum modo, sempre estiveram no ambiente da política", complementa Jacqueline , que ainda lembrou o passado do humorista. "Deve ter atravessado momentos difíceis na vida, o que também lhe dá um jogo de cintura para atuar na política. Resta saber se conseguirá o destaque que tem na mídia. Afinal, falar com eleitores é uma coisa, falar com deputados, senadores, prefeitos, é outra".
Significado do voto
A cientista política comentou o porquê de Tiririca ter recebido uma votação significativa nas eleições do ano passado. De acordo com ela, o povo se identificou com o discurso do humorista. "Até porque no Brasil se fala de política sempre de forma pejorativa, deixando o terreno fértil para maioria das pessoas não tratarem a política de forma séria. Como espaço de disputa, de representação de anseios, necessidades. O voto de protesto em Tiririca foi minoria da votação dele", acredita.
Tiririca foi a estrela dos programas do PR (Partido da República), exibidos na televisão. Ele apareceu pregando contra o nepotismo e também falando sobre a importância da educação. Um deles mostrava Tiririca falando sobre o que aprendeu com o partido. “Graças ao PR, eu já estou aprendendo o que faz um deputado federal”, afirma ele. “Por exemplo: um deputado federal não pode empregar sua família. Por isso, pai continue catando latinha. Mãe, continue lavando roupa pra fora”.
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