segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Polícia levou cerca de 6h para contar quase R$ 4 milhões do jogo do bicho

Dinheiro estava escondido em esgoto de mansão na Zona Oeste do Rio. Quantia foi achada durante a Operação 'Dedo de Deus', da Polícia Civil.




A polícia levou quase 6 horas para contar os quase R$ 4 milhões, em espécie, que foram encontrados, na terça-feira (20), escondidos no esgoto e em outros locais de uma mansão na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. De acordo com a polícia, a casa pertence ao tio de Hélio de Oliveira, o Helinho da Grande Rio, suspeito de envolvimento com o jogo do bicho.
O dinheiro foi conferido manualmente por funcionários de uma agência bancária, já que, como as notas estavam molhadas, não foi possível usar máquinas. A quantia foi depositada em uma conta da Justiça, que não pode ser movimentada. Se o juiz entender que a quantia foi adquirida de maneira ilegal, ela será transferida para os cofres da União.
 
Habeas corpus
Na quinta-feira (22), o Tribunal de Justiça do estado (TJ-RJ) divulgou que foi concedido um habeas corpus, em caráter de liminar, a Hélio de Oliveira, suspeito de envolvimento com o jogo do bicho.
De acordo com o TJ-RJ, a decisão do desembargador Sidney Rosa, do plantão judiciário, garantiu a liberdade temporária ao presidente da escola de samba Grande Rio até que o mérito do habeas corpus seja julgado, o que deve acontecer após o recesso judiciário, a partir do dia 7 de janeiro.
Para o desembargador Sidney Rosa, o fundamento da prisão não aponta um só fato concreto a embasá-la. “Todas as questões ali trazidas são de cunho meritório, razão pela qual a prisão cautelar transmuda-se em verdadeira antecipação de pena”, afirmou em sua decisão. E completou: “Prender alguém por mérito é afronta ao Estado Democrático de Direito, que deve ser coibido com veemência pelo Poder Judiciário”.
Desde a semana retrasada, quando a polícia deflagrou a operação “Dedo de Deus”, Helinho era procurado pela polícia. A polícia ainda tenta localizar  Luizinho Drummond, da Imperatriz Leopoldinense, e Anísio Abraão, da Beija-Flor, também suspeitos de contravenção.

Investigações
A investigação começou em Teresópolis, na Região Metropolitana, após denúncias que davam conta de que comerciantes estavam sendo coagidos a implantar jogo do bicho nos seus estabelecimentos legalizados. Segundo as denúncias, policiais civis atuavam na coação desses comerciantes, além de passar informações para os contraventores sobre operações policiais.
A Polícia Civil informou também que os contraventores alteravam o resultado das apostas. Quando a quadrilha sabia que muitos apostadores jogariam em um único número fazia com que esse número não fosse sorteado, segundo a polícia.
Dinheiro apreendido durante operação (Foto: Thamine Leta/G1) 
 
Dinheiro apreendido durante operação 
 
60 mandados de prisão
De acordo com a polícia, a Corregedoria investigou uma quadrilha de contraventores que atuava em grupos em diversas cidades. Entre os 60 mandados de prisão, Martha Rocha afirma que cinco contraventores são considerados mandantes de pontos do bicho em Teresópolis e Petrópolis, Rio, São João de Meriti, Duque de Caxias e Nilópolis, na Baixada.
Segundo o delegado Felipe Vale, da Corregedoria da Polícia Civil, empresas de outros estados foram interditadas por prestar serviços ao jogo do bicho.

“O Rio era a célula da organização. Mas em outros estados funcionavam empresas que forneciam aparato técnico. Na Bahia, uma empresa fornecia máquinas de cartão de crédito adaptadas para o bicho. Os funcionários dessa empresa eram convidados para o camarote da Grande Rio, no carnaval carioca, por exemplo. Em Pernambuco funcionava uma gráfica que vendia talonário para o jogo do bicho”, explicou Vale, acrescentando que o envolvimento de contraventores com o carnaval acarreta na investigação de escolas de samba, como a Beija-Flor e Grande Rio.

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